A conferência foi organizada em Teerã, de 27 a 29 de abril, pela Organização de Cultura e Relações Islâmicas (ICRO).
Em um artigo para a IQNA, a ativista da mídia libanesa Rima Fares destacou a importância da conferência:
“Num tempo em que os conceitos estão confusos e os valores em declínio, a conferência surgiu como uma fundação intelectual e cultural que restaura a dignidade humana a partir de uma perspectiva profundamente enraizada em nossas civilizações orientais.”
Ela ressaltou que essa visão é bastante diferente das abordagens ocidentais, que frequentemente reduzem a dignidade humana a direitos legais e ignoram suas dimensões espirituais e morais.
“Há muito estamos acostumados a ler os direitos humanos sob uma perspectiva unicamente ocidental, uma visão que se impõe como referência absoluta e, assim, ignora o rico patrimônio cultural que existe em nossa região, do Irã à Mesopotâmia, do Levante à Índia.”
Em tais civilizações, os valores humanos estavam profundamente enraizados na filosofia, na literatura, na religião e até mesmo nos detalhes da vida cotidiana.
“Dessa perspectiva, a conferência apresentou um conjunto de direitos que não podem ser entendidos como assuntos rígidos, mas sim como um sistema integrado que reflete nossa visão do homem como um ser espiritual e social — e não meramente uma entidade legal.”
Na abordagem oriental, o ser humano é parte de uma rede interconectada de relações, onde seus direitos não podem ser entendidos separadamente de seus deveres, e sua dignidade não pode ser dissociada de seu ambiente social e cultural.
Assim, a conferência abordou diversas dimensões, incluindo a justiça social em sociedades tradicionais, a filosofia da misericórdia na legislação, o status das mulheres e o direito dos povos oprimidos de determinar seu próprio destino.
A conferência superou a teoria abstrata, apresentando abordagens práticas que mostram como o mundo contemporâneo pode se beneficiar dessa abordagem equilibrada, que une razão e coração, lei e moral, direitos individuais e o bem coletivo.
As sessões da conferência focaram em questões fundamentais como a dignidade humana diante da pobreza e da ocupação, a liberdade de consciência, o papel da mulher e o direito dos povos à soberania e à justiça — todos esses direitos emergindo de suas raízes e princípios, e não como ideias superficiais.
Esta conferência foi mais do que um evento intelectual:
“Foi um apelo sincero para redefinir a ‘humanidade’ com uma perspectiva oriental que rejeita a dominação e abraça a humanidade com todas as suas fraquezas e forças, dores e esperanças. É um chamado para ouvir uma civilização profunda que não está morta, mas que, no mundo de hoje, está esperando para ser compreendida e respeitada.”
O evento contou com a presença de um seleto grupo de pensadores e estudiosos de diversas partes do mundo, incluindo Irã, Líbano, Iraque, Síria e Índia, que apresentaram trabalhos acadêmicos abordando os direitos humanos a partir de diferentes perspectivas culturais.
As sessões incluíram palestras de teólogos, filósofos, juristas e antropólogos, que discutiram o problema da transferência de conceitos de uma civilização para outra, desconsiderando os contextos culturais. Os participantes enfatizaram que os modelos jurídicos ocidentais não são os únicos que podem ser generalizados.
A conferência terminou com um conjunto de recomendações, que clamaram pelo reconhecimento de múltiplas referências jurídicas, pelo respeito às características culturais e pela abertura para que as civilizações orientais participem ativamente da construção de um discurso global mais justo e inclusivo para a humanidade.
“Neste contexto, expressamos nossa profunda gratidão à República Islâmica do Irã por sediar esta conferência e proporcionar um espaço de pensamento livre, um espaço que reflete uma civilização com a profundidade necessária para mudar os conceitos de direitos humanos com base nos fundamentos sólidos da justiça, da dignidade e de uma consciência humana real.”
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